Dez motivos que comprovam que inteligência é
fundamental
Talvez
seja preconceito, não o sei bem, mas os muito ignorantes que me perdoem, mas
inteligência é fundamental. Talvez devamos primeiro definir o termo inteligência.
Segundo o dicionário Aurélio, inteligência significa “1. Faculdade ou
capacidade de aprender, apreender, compreender ou adaptar-se facilmente;
intelecto, intelectualidade. 2. Destreza mental; agudeza, perspicácia. 3.
Pessoa inteligente”. Logo, todos nós, seres humanos nascemos com essa
capacidade embutida no nosso DNA. Não existem homens e mulheres acéfalos, pois
estes morrem logo após o parto. O cérebro, localizado na nossa caixa craniana,
vulgo “cabeça”, está lá, criado e capacitado para o uso imediato e constante,
salvo por algum tipo de anomalia genética ou congênita capaz de incapacitar
mentalmente o indivíduo. A esses dão o nome de “deficiente mental”, ou:
“portador de necessidades especiais”.
Mas,
infelizmente, não são todas as pessoas que se dão consciência de que possuem
esta capacidade de desenvolver seu raciocínio. Usam o cérebro apenas para as
funções mais básicas e vitais, como enxergar, sentir fome e dor, diferenciar
sons, cores, sabores e texturas, calcular, lembrar de algo, esquecer de algo
mais, etc. A maioria das pessoas, na verdade, acha que inteligência é status, é
para aqueles que podem pagar por ela, para os supergênios que frequentam
escolas especiais. As pessoas humildes acham que ser inteligente é para quem
tem dinheiro. Outros acham que ela não é importante, que comer, trabalhar e
fazer suas necessidades fisiológicas já é o bastante.
Todavia,
vamos enumerar dez razões que comprovam que inteligência é fundamental,
principalmente dentro de uma sociedade competitiva como a nossa. Deus criou o
homem e o dotou de entendimento. É preciso saber utilizá-lo.
1)
Desenvolver a capacidade de raciocínio, a
intelectualidade, é uma questão de sobrevivência. Sete entre dez pessoas que
buscam emprego no Brasil hoje não são admitidas porque não sabem fazer sequer o
uso da língua portuguesa, falada ou escrita. As novas tecnologias, a
globalização da cultura e da economia, o desenvolvimento científico requerem
cada vez mais capacidade de raciocínio, de saber pensar para lidar com questões
difíceis e complexas. Apesar de o segundo grau completo ser o mínimo exigido
por algumas empresas para admitirem funcionários, nem mesmo esses estão livres
de não saber conversar, desenvolver um assunto, pois jamais se interessaram em
aprender algo mais que o be-a-bá. Todavia, quanto maior o conhecimento, mas
qualidade de mão de obra, mas possibilidade de crescimento profissional, mais
probabilidades de entrar no mercado de trabalho.
2)
Mas a capacidade de aprender, a destreza mental e a
perspicácia nem sempre são o suficiente. Há que se separar inteligência de
sabedoria. No dicionário, sabedoria é um grande conhecimento, mas isso não nos
diz muita coisa. Vamos comparar: foi preciso um grande conhecimento para
fabricar a bomba atômica, mas será que jogá-la sobre Hiroxima demonstrou alguma
sabedoria? Essa é uma questão filosófica e ética. Uma coisa é ser inteligente,
outra é saber aplicar essa inteligência. Isto é sabedoria.
3)
A inteligência é algo que existe dentro de cada um.
Ela não tem preconceitos. Todos nós, brancos ou pretos, pobres ou ricos
nascemos com a capacidade para aprender e desenvolver nossa intelectualidade.
Os mesmos genes presentes no cérebro de Bill Gates estão presentes no cérebro
de qualquer outro ser humano. Por dentro somos todos iguais! Logo, não há
desculpa para não aprender, para não buscar desenvolver-se intelectualmente. É
claro que desenvolvemos capacidades específicas. Por mais inteligente que Bill
Gates possa ser, talvez ela não consiga fazer uma escultura em madeira. E é bem
provável que Aleijadinho nada entendia de astrofísica. Napoleão Bonaparte
talvez nunca tenha composto uma sinfonia, e talvez Mozart nada sabia sobre a
arte da guerra. Cada inteligência é uma inteligência; cada pessoa tem seu
talento específico. O que existe são “inteligências”.
4)
Infelizmente,e nem todas as pessoas têm acesso a tudo
que poderia lhes ajudar nesse desenvolvimento intelectual. O cérebro é algo que
precisa ser usado, desenvolvido. Ele é como um computador: possui memória de
fábrica, mas se não preenchermos essa memória com algo, ela permanecerá vazia.
Para preencher nosso cérebro, é necessário uma boa dose do conhecimento que se
adquire através da leitura de livros, revistas e jornais; das lições que
aprendemos na escola, nos cursos, na faculdade. As classes mais baixas estão
distantes de seguir essa regra, pois ganham o básico para a sua sobrevivência.
Não podem ir a teatros assistir a uma boa peça, comprar uma enciclopédia,
navegar na Internet. Logo, deveria ser uma obrigação dos governantes
possibilitar o acesso das classes mais humildes da sociedade às diversas fontes
de do conhecimento. As fontes de conhecimentos accessíveis estão abarrotadas de
informações inúteis, como veremos mais adiante, que são as únicas disponíveis
de forma gratuita.
5)
Por outro lado, não são todos que estão interessados
no saber. Mesmo que isto seja uma questão cultural e histórica, deve ser
pensado. Se formos imaginar o dinheiro que é gasto anualmente com o lazer
(principalmente futebol), com cigarros, bebidas alcoólicas, carnavais e o
consumo desenfreado de coisas supérfluas, perceberemos que existe aí uma
questão de prioridades. As pessoas estão definindo o que é essencial e o que
não é. Mas baseadas em que? Quem lhes disse que inteligência não é fundamental?
Ou quem lhes ensinou que é? Quem alguma vez já lhes ensinou que sem
inteligência o homem assemelha-se aos animais irracionais? O mercado livreiro
lucraria muito mais se as pessoas se dessem conta da importância suprema da
leitura. Mas nem todos gostam de ler. As crianças e adolescentes estão mais
interessadas em jogos eletrônicos. Estes desenvolvem pouco da sua capacidade
motora e de raciocínio rápido, mas de pouco servirá esse conhecimento na busca
por um bom emprego. A verdade é que a maioria das pessoas torce o nariz para o
conhecimento, para a cultura de qualidade. Divertir-se, embriagar-se é bem mais
interessante, dá mais prazer.
6)
A inteligência que necessitamos não deve ser
alicerçada em coisas volúveis, inúteis. Existe na mídia uma grande variedade de
lixo cultural que deve ser descartado. De que adianta preencher a nossa mente
com coisas que nos tornam cada vez mais desinformados? De que adianta absorver
um conhecimento que não servirá de nada para o nosso desenvolvimento como
pessoas, como cidadãos, pais e mães, filhos e filhas, profissionais,
educadores, religiosos, políticos, artistas? Existe um conhecimento que é
destrutivo, que inverte os valores a serem apreendidos. Deixando de lado a
expressão que afirma que “gosto não se discute”, precisamos aceitar que existe
uma quantidade absurda de lixo cultural tóxico disponível no mercado atual.
Nunca se produziu tanta porcaria para o cérebro como nos dias atuais. O
pensamento do homem moderno (principalmente nas classes mais humildes e
desinformadas) tem sido alimentado com informações e conhecimentos
irrelevantes, deformadores e destrutivos através desse lixo despejado
diariamente em toda a mídia. Mesmo os que alimentam seus cérebros com aquilo
que é sadio se deixam levar pela maçã podre do caixote. Basta voltarmos nossos
olhos para os programas televisivos, principalmente aqueles domingueiros, como
o Domingão do Faustão. Todo o seu conteúdo é uma agressão à capacidade
intelectual humana. E o que dizer das letras das músicas mais apreciadas pelas
classes populares, como o forró, o funk e o axé music? A maioria passa
informações que, ou refletem o pensamento dominante, ou pretendem
transformá-lo. É feita uma apologia constante ao uso excessivo de álcool (sem
que alguém seja preso por isso), à prostituição (afirmando que a prostituta do
cabaré é superior a esposa), à promiscuidade, à infidelidade matrimonial
(pregando a destruição da família, que outrora foi considerada um alicerce
firme da sociedade), a violência, o uso de drogas, o preconceito, a
discriminação. Suas letras incrivelmente vazias (em especial as do axé music),
levam as pessoas a dançar e a manter sua mente no vácuo.
7)
A ignorância é um grande mal social. A falta de
sabedoria exclui o ser humano de todas as formas. Vale a pena lembrar que
durante séculos a igreja católica romana manteve o seu poder secular e
espiritual através do cultivo da ignorância entre os seus fiéis. A leitura da
Bíblia, livro que poderia desmistificar esse poder e condenar seus detentores,
era expressamente proibida e punida com a excomunhão ou morte. Qualquer pessoa
que surgisse com uma nova informação que contrariasse os dogmas da igreja era
tida como herege, julgada e, não poucas vezes, executada. Que o diga Sócrates!
Martinho Lutero ousou pensar, duvidar, criticar, buscar novos horizontes para
sua sabedoria e sofreu as conseqüências. O seu pensamento crítico trouxe uma
nova luz ao mundo. Durante as ditaduras históricas espalhadas pelo mundo,
pensar custava um alto preço. Todo e qualquer ditador que deseja manter-se no
poder tem como receita infalível o cultivo da ignorância. Quanto menos sabemos,
mais suscetíveis nos tornamos aos maus políticos, charlatões, estelionatários,
ditadores, trambiqueiros. Quanto menos buscamos conhecimento, mais nos tornamos
supersticiosos, mais nos deixamos levar pela propaganda enganosa da mídia que
insiste em dizer que o álcool e o tabaco são um bom negócio para a nossa saúde.
Então podemos dar nome a essa nova forma de ditadura, a “ditadura da
ignorância”.
8)
Não basta, porém, semear a inteligência no solo do
nosso cérebro. Se este solo não for bom, se não dispuser das condições mínimas
necessárias para que a sabedoria germine, todo conhecimento adquirido se
perderá ou não surtirá o efeito esperado, não haverá frutos a serem colhidos.
Existem muitos fatores que contribuem para a deterioração da inteligência
(fatores econômicos, sociais, emocionais, etc.), e existem, também, os que
dizem respeito à massa encefálica (fatores fisiológicos). O cérebro necessita
estar em bom funcionamento para desenvolver todo o seu potencial de forma
satisfatória. É necessário que haja um cuidado todo especial com a saúde do
corpo e da mente para que se possa viver uma vida intelectual saudável. Uma
vida ociosa e sedentária engessam o cérebro; uma vida atribulada e estressante
sobrecarregam-no. O mundo de hoje é maléfico ao desenvolvimento mental. Uma
alimentação rica em gorduras e produtos químicos, o uso exagerado de bebidas
alcoólicas, o consumo de nicotina e outras drogas têm causado sérios danos a
saúde das pessoas, afetando seu cérebro. Mente sã, corpo são. E porque não
dizer também: corpo são, mente sã? Cuidar da saúde do corpo significa preparar
o solo da mente, adubá-lo. Estando sadios temos mais chances de apreender o
conhecimento necessário para o desenvolvimento do nosso saber.
9)
A inteligência não pode ser burra. Isto parece um
paradoxo, mas é a realidade. A sabedoria jamais deverá ser absoluta,
inflexível. Assim como o filósofo que afirmou “só sei que nada sei”, devemos
crer que conhecimento nunca é suficiente, há sempre algo mais a ser aprendido.
As pessoas realmente sábias aprendem a desenvolver um pensamento crítico que as
possibilita não aceitar de pronto qualquer verdade que se diga absoluta. O
cientista e escritor Carl Sagan, em seu livro “O mundo assombrado pelos
demônios”, defende que todos os seres humanos devem ser dotados de uma
capacidade para criticar, para discernir as informações antes de digeri-las.
Num mundo afogado na superstição, na crença exagerada no sobrenatural, na
confiança da existência de extraterrestres, duendes, cristais de poder,
fantasmas, ele apóia o ceticismo científico como uma forma de fugir das trevas
da ignorância e enxergar a luz da verdade dos fatos. Qualquer coisa que sabemos
necessita passar pelo crivo da verdade, do experimento científico. O mundo tem
criado uma forma de inteligência capaz de se moldar aos anseios de uma
população oprimida, carente, que busca algo mais que o natural, que aquilo que
se possa sentir. Mas é preciso encarar a realidade de que nem tudo que é
considerado com fato e verdade é realmente assim.
10)
Como na época da inquisição e das ditaduras, é
essencial para a manutenção do poder que a população permaneça ignorante, que
jamais aprenda, que não se interesse em buscar conhecimento. O conhecimento
enobrece, dignifica, transforma, revoluciona. Numa sociedade democrática, que
valoriza o homem e o seu pensamento, investir na aquisição do saber e no
desenvolvimento da inteligência é crucial ao progresso social e econômico. Uma
nação burra não cresce, atrofia. O saber é a arma mais poderosa de todas as
nações, é mais revolucionário que qualquer outro fator. Quando o ser humano
toma posse da sua capacidade de pensar, é que começa a existir. Para que haja
uma sociedade justa e verdadeiramente democrática, é necessário que se invista
na produção do conhecimento científico e literário. A maior riqueza do homem
está no pensar. Ele pode ser despojado de todos os seus bens, da sua dignidade
e ainda assim manter intacta a sua humanidade. Mas a partir do momento em que
deixa de pensar, ele se desumaniza, torna-se apenas um objeto, uma estatística.
E este é o primeiro passo para o caos.
eu recomendo
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