sexta-feira, 11 de maio de 2012

bullying: estratégias de superação


Estratégia 6:

Aprenda a praticar a “resiliência”



            Nos muitos apertos que passei sofrendo nas mãos de bullies, eu deveria ter tomado conhecimento da seguinte frase do filósofo alemão Friedrich Nietzsche: “Aquilo que não me mata me torna mais forte (ou me fortalece)”. Enquanto a vítima do bullying não é morta de forma violenta ou comete suicídio, ela permanece viva e capaz de superar as suas crises, de se fortalecer diante das circunstâncias que a cercam. É certo que as marcas deixadas pelas agressões imprimem traumas e complexos terríveis que poderão lhe acompanhar pelo resto da vida, gerando consequências negativas ao seu comportamento e às suas relações interpessoais, mas é possível fazer com que isso seja revertido para algo positivo e construtivo.

Em parte, isso tem sido durante anos uma realidade na minha vida. Digo em parte porque, se de um lado desenvolvi uma dificuldade tremenda de me relacionar com as pessoas, por outro não me deixo abater por isso, mas reconheço o meu valor, as minhas virtudes, os meus talentos, e faço uso de todos eles. Deus tem me abençoado grandemente, tem me dado a chance de fazer escolhas e tomar decisões que servirão para que eu me torne uma pessoa melhor a cada dia, em muitos aspectos. As palavras de maldição que me foram lançadas não me jogam mais ao chão, ao pó da terra, mas me erguem e me dão disposição para crescer sempre. Como dizia o superman no desenho animado que eu assistia quando criança: “Para o alto e avante!”. Sim, sempre subindo, sempre em frente.

Um dos meus grandes exemplos que gosto de dar de superação pessoal é a publicação do meu primeiro livro – Eu te amo. Na última parte deste livro, onde coloquei algumas poesias que escrevi, você poderá ler uma poesia chamada “Vitória”, que fala sobre essa minha luta. Num trecho eu digo:


Enquanto guerreava, os meus inimigos

Fizeram de tudo para me destruir

Suas palavras como espadas perfuravam a minha mente

E eles gritavam do alto: Você não vai conseguir!



            Eram muitos os obstáculos no caminho: internos e externos. Eu olhava para as poesias que eu escrevia e comparava-as com as poesias dos grandes poetas já consagrados, como Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, João Cabral de Melo Neto, Patativa do Assaré, Jessier Quirino, entre tantos outros. Eu me via pequeno demais, insignificante. Quem deixaria de ler os belos poemas de Mário Quintana para ler o que Mizael Souza escreve? Quem escolheria os poemas românticos de um poeta desconhecido no lugar dos belíssimos sonetos do poeta português Luis de Camões? Eu era como uma gotinha insignificante perdida na vastidão de um oceano.

            Além de não acreditar em mim mesmo e na minha obra literária, eu ainda precisava enfrentar o descrédito das pessoas que me puxavam para baixo e me desanimavam. Elas diziam que ninguém gostava de poesia, que ninguém iria comprar o meu livro, que eu jamais conseguiria. E riam de mim quando eu dizia: vou publicar o meu livro. Além disso, eu tinha familiares muito próximos ligados diretamente à área de editoração de livros que jamais me apoiaram ou me incentivaram, muito menos acreditaram no meu trabalho ou desejaram me ajudar na publicação. Não semearam livros na minha vida. Eu tinha todas as condições para me considerar um derrotado e viver acreditando nisso. Eram as mesmas vozes que eu ouvira dos meus agressores na escola primária.

            Somente quando comecei a acreditar no meu potencial e valorizar o meu próprio talento dado por Deus, foi que encontrei força e motivação para vencer. Mas não se vence uma guerra lutando sozinho, precisamos de aliados. E foi exatamente isto que fiz: procurei me aliar a pessoas que gostavam do que eu fazia, pessoas amigas que me motivaram e me ajudaram a concretizar o meu sonho. Entre elas está uma amiga dedicada e fiel, a Inalba. Deixei de olhar para as circunstâncias que me cercavam e fiz das dificuldades um motor para me levar mais longe.

            Fazendo uma leitura da minha vida e todas as coisas boas e ruins que vivi, e buscando absorver os ensinamentos contidos em cada uma delas, cheguei à seguinte conclusão:
 

“Você pode fazer das pedras no caminho um obstáculo intransponível, algo que lhe impedirá de seguir adiante. Mas você pode, também, pegar essas mesmas pedras e transformá-las em degraus para construir uma escada que o levará cada vez mais alto.”


            Tempos depois, descobri através de um livro que isto se chama resiliência. Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva (2010, p. 75, 76), as vítimas do bullying podem desenvolver diversos comportamentos diante dessa situação: buscar ajuda profissional para cuidar da sua imagem e da sua autoestima e autossuperação; carregar seus traumas pelo resto da vida, tornando-se adultos inseguros, depressivos ou mesmo agressivos; desenvolver transtornos psiquiátricos sérios, como pânico, depressão, bulimia, psicoses, entre outros; ou elas podem desenvolver algo que os especialistas denominam resiliência.

            O normal é a vitima do bullying se resignar e se deixar derrotar pela opressão sofrida, pelas surras e pelas palavras destrutivas. Ela acaba aceitando que não é nada e que a sua existência é, além de um equívoco, um grande problema para o resto da humanidade. Daí a depressão, o suicídio. Mas enquanto alguns se desesperam, se castram, se fecham, se aniquilam, outros se fortalecem, se levantam e superam todas as crises vividas e sofridas. A diferença entre um e outro é que o primeiro é um ser resignado e o segundo é resiliente. Enquanto um permitiu que as suas forças fossem minadas pelo bullying, o outro usou o bullying como um poderoso capacitor de energia.

            Resumidamente, resiliência significa transformar as situações de tensão em grandes oportunidades de crescimento. Isto é: aquilo que deveria nos enfraquecer, nós usamos para nos tornar cada vez mais fortes. Antunes (2003, p. 13) escreveu sobre a resiliência:


Aplicado à vida humana e animal, representa a capacidade de resistência a condições duríssimas e persistentes e, dessa forma, diz respeito à capacidade de pessoas, grupos e comunidades não só de resistir às adversidades, mas de utilizá-las em seu processo de desenvolvimento pessoal e crescimento social.


Citando Vanistendael, Poletti e Dobbs (2007, p. 14) afirmam que o conceito de resiliência é composto por duas dimensões: “1) resistência à destruição, a capacidade de proteger sua integridade sob fortes pressões; 2) a capacidade de se construir, criar uma vida digna de ser vivida a despeito das circunstancias adversas.” É isso que nós, vítimas do bullying devemos fazer: usar essas situações para fortalecer o nosso caráter, construir uma vida, indiferentes àquilo que ouvimos e sofremos. É possível crescer em meio a um terreno tão hostil. Então se lembre: o que não te mata servirá para fortalecê-lo, se você souber fazer a leitura correta e tomar as decisões certas. Aproveite cada lição que a vida lhe dá, cada aprendizado que o sofrimento lhe traz. Use tudo isso para aprimorar o seu caráter, para fortalecer a sua personalidade. No mínimo, você desenvolverá virtudes como a paciência, a tolerância, a compreensão, a aceitação, a humildade, o afeto. Desenvolvendo-se, assim, você verá que foi duro, mas valeu a pena.

Você não é nada daquilo que dizem de você e Deus tem lhe dado talentos e ferramentas para superar e vencer as crises. Você não é e não precisa ser um derrotado. Algo que me vem à mente são os desenhos que eu assistia quando era criança. Em alguns deles, os heróis utilizavam de todo o seu arsenal para destruir o monstro ou o vilão da história: desferiam todos os seus golpes, usavam todos os seus poderes. Mas havia um detalhe em alguns dos seus adversários: quanto mais eles eram atacados, mais o seu poder aumentava; quando mais os machucavam, maiores e mais fortes eles se tornavam. Eles pegavam toda aquela energia, todo aquele poder acumulado, e usavam para lutar mais e melhor.

            Faça das suas pedras degraus! Transforme os golpes sofridos em um gerador de força capaz de te fazer vencer sempre. Não digo derrotar os seus inimigos que se acham os heróis da história, porque eles em si já são derrotados, até descobrirem que também podem ser e fazer diferente. O que eu digo é que não podemos olhar para baixo, mas para cima; não devemos jamais permitir que aquilo que os bullies fazem contra nós nos transforme em algo ruim. Diante das circunstâncias, devemos lembrar quem somos, nosso potencial, nossos talentos, nossa capacidade de superar os limites e alçar altos voos, independente do que nos digam. Eles são galos ciscando num terreiro, impondo a sua autoridade por meio de sua força, dos seus esporões. Sejamos águias!

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CONTATOS COM O AUTOR: (84) 9425-3294

 

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