Estratégia 6:
Aprenda a praticar a
“resiliência”
Nos muitos apertos que passei sofrendo nas mãos de bullies, eu deveria ter tomado conhecimento da seguinte frase do
filósofo alemão Friedrich Nietzsche: “Aquilo que não me mata me torna mais
forte (ou me fortalece)”. Enquanto a
vítima do bullying não é morta de
forma violenta ou comete suicídio, ela permanece viva e capaz de superar as
suas crises, de se fortalecer diante das circunstâncias que a cercam. É certo
que as marcas deixadas pelas agressões imprimem traumas e complexos terríveis
que poderão lhe acompanhar pelo resto da vida, gerando consequências negativas
ao seu comportamento e às suas relações interpessoais, mas é possível fazer com
que isso seja revertido para algo positivo e construtivo.
Em parte, isso
tem sido durante anos uma realidade na minha vida. Digo em parte porque, se de
um lado desenvolvi uma dificuldade tremenda de me relacionar com as pessoas,
por outro não me deixo abater por isso, mas reconheço o meu valor, as minhas
virtudes, os meus talentos, e faço uso de todos eles. Deus tem me abençoado
grandemente, tem me dado a chance de fazer escolhas e tomar decisões que
servirão para que eu me torne uma pessoa melhor a cada dia, em muitos aspectos.
As palavras de maldição que me foram lançadas não me jogam mais ao chão, ao pó
da terra, mas me erguem e me dão disposição para crescer sempre. Como dizia o superman no desenho animado que eu
assistia quando criança: “Para o alto e avante!”. Sim, sempre subindo, sempre
em frente.
Um dos meus grandes
exemplos que gosto de dar de superação pessoal é a publicação do meu primeiro
livro – Eu te amo. Na última parte
deste livro, onde coloquei algumas poesias que escrevi, você poderá ler uma
poesia chamada “Vitória”, que fala sobre essa minha luta. Num trecho eu digo:
Enquanto
guerreava, os meus inimigos
Fizeram
de tudo para me destruir
Suas
palavras como espadas perfuravam a minha mente
E eles
gritavam do alto: Você não vai conseguir!
Eram
muitos os obstáculos no caminho: internos e externos. Eu olhava para as poesias
que eu escrevia e comparava-as com as poesias dos grandes poetas já
consagrados, como Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de
Moraes, João Cabral de Melo Neto, Patativa do Assaré, Jessier Quirino, entre
tantos outros. Eu me via pequeno demais, insignificante. Quem deixaria de ler
os belos poemas de Mário Quintana para ler o que Mizael Souza escreve? Quem
escolheria os poemas românticos de um poeta desconhecido no lugar dos
belíssimos sonetos do poeta português Luis de Camões? Eu era como uma gotinha
insignificante perdida na vastidão de um oceano.
Além
de não acreditar em mim mesmo e na minha obra literária, eu ainda precisava
enfrentar o descrédito das pessoas que me puxavam para baixo e me desanimavam.
Elas diziam que ninguém gostava de poesia, que ninguém iria comprar o meu
livro, que eu jamais conseguiria. E riam de mim quando eu dizia: vou publicar o
meu livro. Além disso, eu tinha familiares muito próximos ligados diretamente à
área de editoração de livros que jamais me apoiaram ou me incentivaram, muito
menos acreditaram no meu trabalho ou desejaram me ajudar na publicação. Não
semearam livros na minha vida. Eu tinha todas as condições para me considerar
um derrotado e viver acreditando nisso. Eram as mesmas vozes que eu ouvira dos
meus agressores na escola primária.
Somente
quando comecei a acreditar no meu potencial e valorizar o meu próprio talento
dado por Deus, foi que encontrei força e motivação para vencer. Mas não se
vence uma guerra lutando sozinho, precisamos de aliados. E foi exatamente isto
que fiz: procurei me aliar a pessoas que gostavam do que eu fazia, pessoas
amigas que me motivaram e me ajudaram a concretizar o meu sonho. Entre elas
está uma amiga dedicada e fiel, a Inalba. Deixei de olhar para as circunstâncias
que me cercavam e fiz das dificuldades um motor para me levar mais longe.
Fazendo
uma leitura da minha vida e todas as coisas boas e ruins que vivi, e buscando
absorver os ensinamentos contidos em cada uma delas, cheguei à seguinte
conclusão:
“Você pode fazer das pedras no caminho um obstáculo
intransponível, algo que lhe impedirá de seguir adiante. Mas você pode, também,
pegar essas mesmas pedras e transformá-las em degraus para construir uma escada
que o levará cada vez mais alto.”
Tempos
depois, descobri através de um livro que isto se chama resiliência. Segundo a psiquiatra Ana Beatriz
Barbosa Silva (2010, p. 75, 76), as vítimas do bullying podem desenvolver diversos comportamentos diante dessa
situação: buscar ajuda profissional para cuidar da sua imagem e da sua
autoestima e autossuperação; carregar seus traumas pelo resto da vida,
tornando-se adultos inseguros, depressivos ou mesmo agressivos; desenvolver
transtornos psiquiátricos sérios, como pânico, depressão, bulimia, psicoses, entre
outros; ou elas podem desenvolver algo que os especialistas denominam
resiliência.
O
normal é a vitima do bullying se
resignar e se deixar derrotar pela opressão sofrida, pelas surras e pelas
palavras destrutivas. Ela acaba aceitando que não é nada e que a sua existência
é, além de um equívoco, um grande problema para o resto da humanidade. Daí a
depressão, o suicídio. Mas enquanto alguns se desesperam, se castram, se
fecham, se aniquilam, outros se fortalecem, se levantam e superam todas as
crises vividas e sofridas. A diferença entre um e outro é que o primeiro é um
ser resignado e o segundo é resiliente. Enquanto um permitiu que as suas forças
fossem minadas pelo bullying, o outro
usou o bullying como um poderoso
capacitor de energia.
Resumidamente,
resiliência significa transformar as situações de tensão em grandes
oportunidades de crescimento. Isto é: aquilo que deveria nos enfraquecer, nós
usamos para nos tornar cada vez mais fortes. Antunes (2003, p. 13) escreveu
sobre a resiliência:
Aplicado à vida humana e animal, representa a
capacidade de resistência a condições duríssimas e persistentes e, dessa forma,
diz respeito à capacidade de pessoas, grupos e comunidades não só de resistir
às adversidades, mas de utilizá-las em seu processo de desenvolvimento pessoal
e crescimento social.
Citando
Vanistendael, Poletti e Dobbs (2007, p. 14) afirmam que o conceito de
resiliência é composto por duas dimensões: “1) resistência à destruição, a
capacidade de proteger sua integridade sob fortes pressões; 2) a capacidade de
se construir, criar uma vida digna de ser vivida a despeito das circunstancias
adversas.” É isso que nós, vítimas do bullying
devemos fazer: usar essas situações para fortalecer o nosso caráter,
construir uma vida, indiferentes àquilo que ouvimos e sofremos. É possível
crescer em meio a um terreno tão hostil. Então se lembre: o que não te mata
servirá para fortalecê-lo, se você souber fazer a leitura correta e tomar as
decisões certas. Aproveite cada lição que a vida lhe dá, cada aprendizado que o
sofrimento lhe traz. Use tudo isso para aprimorar o seu caráter, para
fortalecer a sua personalidade. No mínimo, você desenvolverá virtudes como a
paciência, a tolerância, a compreensão, a aceitação, a humildade, o afeto.
Desenvolvendo-se, assim, você verá que foi duro, mas valeu a pena.
Você não é nada
daquilo que dizem de você e Deus tem lhe dado talentos e ferramentas para
superar e vencer as crises. Você não é e não precisa ser um derrotado. Algo que
me vem à mente são os desenhos que eu assistia quando era criança. Em alguns
deles, os heróis utilizavam de todo o seu arsenal para destruir o monstro ou o
vilão da história: desferiam todos os seus golpes, usavam todos os seus
poderes. Mas havia um detalhe em alguns dos seus adversários: quanto mais eles
eram atacados, mais o seu poder aumentava; quando mais os machucavam, maiores e
mais fortes eles se tornavam. Eles pegavam toda aquela energia, todo aquele
poder acumulado, e usavam para lutar mais e melhor.
Faça
das suas pedras degraus! Transforme os golpes sofridos em um gerador de força
capaz de te fazer vencer sempre. Não digo derrotar os seus inimigos que se
acham os heróis da história, porque eles em si já são derrotados, até
descobrirem que também podem ser e fazer diferente. O que eu digo é que não
podemos olhar para baixo, mas para cima; não devemos jamais permitir que aquilo
que os bullies fazem contra nós nos
transforme em algo ruim. Diante das circunstâncias, devemos lembrar quem somos,
nosso potencial, nossos talentos, nossa capacidade de superar os limites e
alçar altos voos, independente do que nos digam. Eles são galos ciscando num
terreiro, impondo a sua autoridade por meio de sua força, dos seus esporões.
Sejamos águias!
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CONTATOS COM O AUTOR: (84) 9425-3294
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