Autor: Mizael de Souza Xavier
Aluno do curso CST em Gestão de Recursos Humanos
Universidade Potiguar – UnP, Natal, Rio Grande do Norte
É
uma Lei simples da física que um corpo só está em movimento quando existe
alguma força atuando sobre ele, algo que o impulsione, que o faça mover-se,
seja uma força interna ou externa. Assim ocorre com todas as pessoas: só estão
em movimento quando algo as motiva a caminhar. Todos possuem algum sonho, algo
que desejam realizar e é isso que as motiva. Grandes sonhos geram grandes ações
e maiores conquistas; sonhos medíocres geram ações mínimas e uma vida medíocre.
O gestor de Recursos Humanos eficaz deve estar imbuído de sonhos grandiosos e
contagiar com eles as pessoas ao seu redor. Ninguém jamais seguirá a visão de
um gestor se for motivado por coisas pequenas, coisas que talvez não tenham
tanta importância e não vão ter nenhuma grande repercussão em suas vidas. Para
se ter coragem para enfrentar a adversidade, a tribulação, os obstáculos, é
preciso uma grande motivação, algo que valha realmente a pena o investimento, o
sacrifício.
As
empresas esperam que seus funcionários deem o máximo de si, que se esforcem por
alcançar as suas metas e os objetivos organizacionais. Motivar as pessoas a
alcançarem um padrão elevado de excelência para o sucesso organizacional é,
segundo Chiavenato (2005, p. 241) uma questão de sobrevivência em um mundo
altamente mutável e competitivo. O desempenho de uma equipe pode representar o
sucesso de uma empresa, mas também pode transformar-se no seu maior problema e
lavá-la a fechar as suas portas. Todo o desempenho de uma organização, com suas
metas e valores, seu planejamento estratégico, seus investimentos, sua
tecnologia podem significar pouca coisa diante de trabalhadores desmotivados.
A forma como o mundo e o mercado
se apresentam hoje, com extrema competitividade e mudanças drásticas e rápidas
nos ambientes tecnológicos e informacionais, nem sempre é possível manter a
estabilidade motivacional. Novas formas de pensar o mundo e as organizações
demandam novas exigências com relação aos recursos humanos, algo que pode
desmotivar quem está atuando no mercado de trabalho e não consegue acompanhar o
ritmo dessas evoluções. Quanto mais exigentes as empresas forem com relação aos
seus funcionários, maior deve ser o grau de motivação oferecido. Quanto menor a
estabilidade, maios a necessidade de estímulo até que a estabilidade venha.
Mas o que é motivação? Que fator
tão importante é este para a vida da organização que tem merecido tanta
atenção, estudos e investimentos? Conceituar motivação não é tarefa fácil,
visto a complexidade com que o tema se apresenta, acima de tudo em se tratando
de um ambiente organizacional competitivo e repleto de cobranças e de
constantes inovações. O conceito de motivação só pode ser reconhecido nos seus
diversos desdobramentos e aplicações nas diversas circunstâncias apresentadas
nas organizações. Por essa dificuldade, são várias as teorias apresentadas que
sugerem explicações para o tema, abordando ângulos diferentes e maneiras
diversas de lidar com a motivação humana no trabalho. Definir de maneira
genérica o termo pode fazer com que outras deixem de ser estudadas, porque as
definições, segundo Myles (2010, p. 17), “enquanto esclarecem um assunto,
também excluem outras possibilidades e fazem com que outras noções, que podem
ter seu valor, sejam consideradas erradas”.
Algo comum aos diversos conceitos
apresentados é que a motivação é um processo, algo dinâmico que ocorre no
interior do ser humano, ainda que por meio de fatores externos.
Chiavenato
(2005, p. 242) conceitua motivação da seguinte forma:
A motivação é um processo
psicológico básico. Juntamente com a percepção, atitudes, personalidade e
aprendizagem, a motivação sobressai como um importante processo na compreensão
do comportamento humano. Ela interage e atua em conjunto com outros processos
mediadores e o ambiente. Da mesma forma como acontece com os processos
cognitivos, a motivação não pode ser visualizada. A motivação é um constructo hipotético utilizado para
ajudar a compreender o comportamento humano.
Ainda segundo o mesmo autor, a motivação
dependeria de três fatores: 1) direção, que significa onde focar o
comportamento, isto é o objetivo, que tanto pode ser organizacional como
individual; 2) intensidade, representando o esforço que a pessoa aplica na
direção definida; e 3) persistência, que é a quantidade de tempo que a pessoa
consegue manter o seu esforço (idem, p. 243). A forma como se dá essa motivação
tem sido alvo de muitos estudos e experimentos, onde as conclusões tiradas nem
sempre condizem com a realidade da importância do valor que deve ser dado ao
ser humano e as suas aspirações, desejos, necessidades, sonhos e ambições. Os
estudos mais modernos ligados à área da Gestão de Pessoas é que têm demonstrado
sucesso ao agregar valor ao trabalhador além da sua obrigação de fazer a empresa
ter sucesso, demonstrando que o sucesso em conseguir motivar alguém a agir está
muito além de oferecer salários e benefícios.
Freitas, Siqueira e De Paulo
(2008, p. 455) assim definem motivação:
Conjunto de fatores psicológicos
(conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os
quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo, despertando sua
vontade e interesse para uma tarefa ou ação conjunta.
Como
se pode notar nessa definição, todos os fatores motivacionais são oriundos de
causas internas e abarcam o indivíduo em sua totalidade: corpo, razão e emoção.
Isto significa que não há nada fora de uma pessoa capaz de fazê-la se motivar a
agir, a empreender, a cumprir com o seu papel na organização. Como se verá mais
adiante, existem forças externas que influenciam a motivação, como os estímulos
ambientais, por exemplo. Mas somente o indivíduo que sofre a ação motivadora
poderá motivar a si próprio; isto é: cabe a ele dar uma resposta positiva aos
estímulos que visam motivá-lo. Caso ele não permita que esses estímulos o
impulsionem a agir, o efeito motivador não surtirá qualquer efeito, por mais
eficiente e experimentado que seja.
Motivar
é diferente de estar motivado. Enquanto o primeiro é a ação com vistas a motivação
interna do indivíduo, o segundo compreende o sucesso desta ação. As ações da
motivação devem ser direcionadas ao alcance da automotivação; elas devem
despertar uma força interna que leve à ação voluntária, onde aquele que é
motivado deseja intensamente algo (DORTIER, 2010, p. 424). Essa automotivação
dependerá de fatores estudados em capítulo posterior e está ligada a instintos,
pulsões e desejos, fatores influenciados pela personalidade e pelo
comportamento de cada indivíduo, onde as suas respostas aos estímulos do
ambiente em que vive estão repletas de impressões bastante pessoais, o que
torna o ato de motivar ainda mais complexo e difícil.
Por
mais que as empresas se esforcem para motivar os seus funcionários, oferecendo
bônus, gratificações, aumentos no salário, incentivos como planos de saúde e de
carreira, elas não obterão os resultados desejados se não estiverem oferecendo
a coisa certa às pessoas certas. Motivar pode significar muito mais que um
aumento considerável na renda bruta do empregado ou na qualidade de vida no
trabalho. Casos atuais mostram a dificuldade que algumas empresas têm de manter
os bons funcionários, mesmo lhes oferecendo vantagens financeiras. O problema
está em vantagens maiores ainda oferecidas por outras empresas que conseguem
conquistar esses trabalhadores e contratando-os. Essas mesmas empresas os
perderão para outras que oferecerão vantagens ainda maiores.
Logo,
motivar é muito mais que oferecer vantagens; contratar e manter bons
funcionários está além do oferecimento de recompensas financeiras. Conclui-se
que o que motiva verdadeiramente as pessoas e as torna comprometidas com a
empresa em que trabalham pode estar acima da conquista de bens materiais. Não é
difícil ouvir declarações de funcionários que, mesmo exercendo a função que
almejavam e recebendo salário razoável e compatível com o seu cargo, não estão
satisfeitos, não conseguem dar o máximo de si. Alguns tendem a largar o emprego
mesmo por ofertas de salários mais baixos.
Falar
em motivação, portanto, é ir além da teoria e extrapolar os conceitos que
pretendem definir padrões preestabelecidos, onde todos os indivíduos são
englobados dentro de uma única rede de motivação, não sendo observadas suas
características particulares, suas necessidades individuais, suas inclinações,
e desejos. Como se verá logo adiante, inúmeros teóricos e estudiosos da
administração criaram formas de motivar o trabalhador a agir, a render o
necessário para alcançar os objetivos organizacionais, mas sem a preocupação de
que cada ser humano é único e nem todos serão motivados da mesma forma e pela
mesma coisa.
Motivação é, então, conquistar o
colaborador para a missão da organização, de modo que ele assuma sua visão e
seus valores e se sinta parte dela, comprometido com os seus objetivos e
apaixonado por aquilo que faz. Motivar é despertar impulsos internos, promover
respostas positivas e duradouras aos estímulos da organização como um todo, de
modo a gerar comportamentos compatíveis com os alvos que se pretende alcançar.
Este tipo de motivação oferece muito mais que incentivos financeiros, mas
transforma o colaborador em parceiro da organização, em um membro precioso e
indispensável, como num corpo humano, onde cada órgão é vital para o bom
funcionamento de todo o organismo.
Referências bibliográficas
CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: A Dinâmica do
Sucesso das Organizações. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005.
DORTIER, Jean-François. Dicionário de Ciências Humanas. São
Paulo: Martins Fontes, 2010.
FREITAS, Newton; SIQUEIRA, Carlos
Aquiles; DE PAULO, Antonio. Dicionário
Negócio & Empreendedorismo. São Paulo: Ensinart, 2008.
MYLES, Downey. Coaching eficaz. São Paulo: Cengage,
2010.
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