Autor: Mizael de Souza Xavier
Aluno do curso CST em Gestão de
Recursos Humanos
Universidade Potiguar – UnP,
Natal, Rio Grande do Norte
A
motivação organizacional, para ser efetivada, tem de levar necessariamente em
conta os diversos tipos de personalidades existentes dentro de uma organização.
Antes de haver estudos mais aprofundados a cerca da importância do fator humano
numa empresa, as teorias que surgiam de experimentos e práticas pretendiam
fornecer métodos únicos que servissem para a motivação de todos os
colaboradores de uma maneira bastante uniforme. Isto é: aquilo que servia para
motivar um operário, necessariamente teria de servir para motivar todos os
outros. Esse procedimento não levava em conta a diversidade de personalidades e
temperamentos existentes numa mesma organização, algo que impossibilita o uso
de uma única forma de motivar as pessoas.
Ao
se falar em Gestão de Recursos Humanos ou Gestão Pessoas, é importante o
reconhecimento dos termos “humanos” e “pessoas”. O que são seres humanos? O que
são pessoas? A forma óbvia como esses termos podem ser definidos e explicados,
mostra que o gestor está lindando com uma situação complexa que merece um
estudo mais acurado. Atentando para essa realidade, descobre-se que gerir pessoas
não significa apenas gerenciar recursos e vai muito além de gerir cargos,
funções, tarefas, habilidades, competências. Gerir pessoas implica administrar
personalidades, temperamentos, aspirações profissionais, questões de
relacionamentos, fatores familiares e sociais. Isto significa que o gestor de
pessoas lida de fato com as pessoas, com aquilo que elas representam
intrinsecamente e que é anterior às suas responsabilidades profissionais e que,
na verdade, as constroem.
Entender o ser humano como um
todo – corpo, alma, inteligência, emoção – e as suas diversas manifestações
sociais – credo, filosofias, esporte, lazer, família, cultura, aspirações
artísticas e profissionais, etc. – faz com que a motivação ganhe proporções
ainda maiores, requerendo muito mais cuidado ao lidar com os colaboradores e
com a necessidade de motivá-los. É preciso atenção para não utilizar métodos
ineficazes que não cabem na realidade de vida de cada indivíduo.
Desta forma, trabalhar a motivação na organização
significa lidar com os seus aspectos invisíveis, aqueles que determinam as
ações humanas e que não podem ser percebidos pelo olhar. As pessoas são o que
são e fazem o que fazem motivadas por disposições interiores, aquilo que as
move para praticar ou não alguma ação. Nem sempre o fator que motivou uma
emoção ou uma ação em dado momento pode ser facilmente percebido. Sentimentos e
ações podem estar impregnados de fatores anteriores ao acontecimento, que podem
ser reflexos de situações vividas tanto no próprio ambiente organizacional,
como na vida pessoal do indivíduo. Isto é, quando um colaborador toma uma
atitude, existe toda uma história precedente.
O que leva a formação de grupos informais no interior
da organização? Quais são as causas dos conflitos interpessoais e intergrupais?
Que fatores regem as percepções e as respostas aos estímulos externos? Como
surgem as normas que determinam a forma de cada um agir num determinado grupo?
Por que um mesmo estímulo nem sempre obtém a mesma resposta em pessoas
diferentes? Entender o comportamento humano na organização, conforme este ponto
de vista, torna-se impossível por meio de uma visão mecanicista da
administração e traz como consequência a necessidade cada vez mais crescente de
os gestores buscarem um envolvimento mais direto e aberto com os seus
colaboradores, aceitando a sua humanidade – de gestores e colaboradores – como
peça fundamental no desenvolvimento e no sucesso da organização. Ao invés de
máquinas frias, programáveis e reprogramáveis, as pessoas são dotadas de
inteligência, sentimentos, desejos e capacidades que jamais podem ser
menosprezadas. O operário não deixa a sua humanidade em casa guardada numa
gaveta para ir trabalhar.
Compreendendo o comportamento das pessoas no grupo e
as suas diversas personalidades, será possível, ainda que de maneira precária,
adequá-las ao ambiente e às suas tarefas e, vice-versa, o ambiente e as tarefas
a elas. Chiavenato (2005, p. 8) sita sete aspectos visíveis da organização:
estratégias, objetivos, políticas e procedimentos, estrutura organizacional,
autoridade formal, cadeia de comando e tecnologia. Todos esses são aspectos
facilmente percebidos nas organizações. Todavia, são os aspectos invisíveis que
dinamizam e influenciam o comportamento das pessoas no grupo. Quando isso não é
levado em conta, não há uma estreita interação entre as pessoas como indivíduos
(relacionamentos interpessoais), entre os indivíduos enquanto grupo
(relacionamento intragrupal), entre os próprios grupos (relacionamento
intergrupal) e entre esses três e a chefia. Essa falta de interação afetará
diretamente e de maneira negativa a motivação organizacional.
Para que o gestor motive a sua equipe a alcançar os
níveis desejados de sucesso, é necessário, portanto, que ele esteja atento ao
lado invisível da sua organização, entendendo que este é um fator de suma
importância na consolidação do comportamento organizacional. Compreender os
diversos tipos de personalidade e aprender a melhor forma de lidar com cada uma
delas pode representar um avanço no diálogo entre gestores e colaboradores,
entre líderes e liderados, entre as tarefas a serem executadas e os seus
executores.
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