1 INTRODUÇÃO
Desde
que as empresas finalmente voltaram os seus olhos para o elemento humano da
organização, diversas teorias e práticas têm trazido à tona a necessidade cada
vez mais crescente de investimento em pessoas, o capital intelectual que dá vida
a qualquer empresa. A Revolução Industrial, as revoluções tecnológicas, a
Globalização e a Era da Informação sempre estiveram submetidas ao escrutínio da
mente humana, sempre possuíram um coração humano pulsante em todas as suas
inovações e conquistas. Sem o ser humano que se transforma a cada dia e faz
transformar o ambiente em que vive, todas essas mudanças jamais teriam sido
possíveis.
É
preciso, porém, aprofundar-se um pouco mais nesse ambiente mutante em que o ser
humano vive e onde as empresas em que ele atua se estabelecem. As mudanças
pelas quais o mundo vem passando já alguns anos não são mudanças meramente
tecnológicas e econômicas, como se essas surgissem por si mesmas: elas sempre
são produzida pelas relações sociais, pela experiência humana. São as pessoas
que constroem as máquinas, que compartilham informações, que movimentam a
economia, que causam ou sofrem os problemas sociais, que cuidam ou devastam o
planeta, que influenciam na bolsa de valores. É do ser humano e para ele o
efeito da inflação, o comportamento dos preços no mercado, a diminuição ou o
aumento da renda, as taxas de juros, as exportações e importações, a balança
comercial, o PIB, os planos econômicos. Em suma, nada disso brota do nada, mas
a mão humana faz nascer tudo.
O
entendimento que buscamos, então, é aquele que situa o ambiente econômico e o
ser humano no seu devido lugar de interdependência, onde um não existe sem o
outro. Nesse aspecto está o gestor de Recursos Humanos de uma empresa, que lida
com as pessoas que criam a realidade e ao mesmo tempo sofrem influência dela. O
ambiente econômico, seja micro ou macro, é a influência influenciável que será
estudada aqui, partindo do pressuposto de que sem as pessoas, não haveria nem
mesmo o ambiente. Ao entendê-lo, buscar-se-á o papel do gestor de pessoas e o
seu campo de trabalho.
2 O CENÁRIO ECONÔMICO E A ATUAÇÃO
DO GESTOR PESSOAS
Os
cenários que apresentam possibilidades para o crescimento e a evolução do setor
de Gestão de Pessoas podem ser divididos em duas grandes vertentes: a
globalização e a Era da Informação. Ambos, na verdade, se completam e
transformam o mundo em quase uma massa homogênea, permitindo que fatores
ocorridos em um país da Europa, afete todos os demais países. As informações
chegam rapidamente e os problemas e as soluções econômicas acompanham essa
velocidade, ao menos teoricamente. É neste quadro que o gestor de pessoas está
inserido.
2.1 Uma nova ordem econômica nacional
O Brasil
está vivendo um momento diferente na sua história, acima de tudo quando se fala
na geração X, que viveu altos índices de inflação, passou por vários planos
econômicos, conheceu diversos nomes e caras para a sua moeda e jamais sonhou
que um dia a dívida externa deixaria de ser um grande fardo para a população.
De país considerado de terceiro mundo, o Brasil hoje faz parte dos BRICS, os
países de maior desenvolvimento da atualidade, e é considerado como um país
emergente, com uma economia sólida e que cresce vertiginosamente, mesmo que
ainda tenha de enfrentar problemas com saúde pública e um batalhão de
miseráveis. Em comparação com o cenário mundial, todavia, o Brasil tem avançado
bastante em todos os aspectos. É preciso muita atenção a isso.
Este
cenário salutar para os brasileiros é especialmente positivo para as empresas.
Além do crescimento econômico dos países emergentes, pode-se salientar no nosso
país o aumento dos empregos formais, o crescimento da renda da população, a
ascensão da classe média, um número maior de pessoas frequentando as
universidades, a elevação do poder de compra do cidadão, os investimentos em
saneamento básico, educação e saúde, ainda que tímidos. Tudo isso vem aliado às
novas tecnologias, às empresas multinacionais que tem investido no Brasil, à
revolução da construção civil, o aumento da qualidade de vida e a preocupação
ecológica. Todas essas coisas formam um cenário propício à inovação, ao
descobrimento de novas formas de gerar riqueza para as empresas, para as
pessoas e para o meio ambiente.
O
cenário financeiro nacional e mundial sempre refletirá de maneira direta e
indireta nas atividades da organização e, consequentemente, no departamento de Gestão
de Pessoas. Os aspectos macro e microeconômicos exercem influência negativa ou
positiva sobre a empresa. Se a empresa não tiver um entendimento do ambiente
macro, jamais saberá como lidar com as mudanças que ocorrem no campo político,
econômico e social, de que forma precisa lidar com eles para obter resultados e
como poderá influenciá-los. No âmbito macroeconômico estão os sistemas
financeiros e as políticas econômicas governamentais, fatores que o gestor
precisa assegurar que exerçam influência positiva sobre a sua empresa, medindo
os níveis de consequência das atividades econômicas do país e do mundo e a
forma como os governos lidam com as suas políticas. Um exemplo é o efeito que a
inflação pode causar na vida da empresa e, consequentemente, na vida dos seus
empregados.
Os
fatores concernentes à microeconomia, como a oferta e a demanda de produtos no
mercado e a determinação dos valores de preços, são influenciadores das
decisões organizacionais, que determinam a forma como cada empresa irá
interagir com o ambiente, as possibilidades e as tendências de mercado.
Novamente não se pode pensar em microeconomia sem admitir a presença humana,
como o trabalhador se comporta diante desses fatores, que resposta dá a eles,
como se prepara para enfrentá-los e de que opções ele dispõe para vencê-los ou
crescer com eles. São propostas que levam ao crescimento e ao amadurecimento do
setor de Gestão de Pessoas, que busca sempre inovar-se para acompanhar o novo
mundo e o novo ser humano.
2.2 As possibilidades da Gestão de Pessoas na Era da Informação
O cenário econômico que se
procura entender para dar vazão à sua importância ao profissional da Gestão de
Pessoas é um cenário globalizado, marcado pela Era da Informação. A globalização cobra das empresas uma postura
com relação às mudanças que o mundo tem experimentado, acima de tudo na
qualidade dos seus produtos e serviços. Todavia, não são apenas os bens
produzidos ou os serviços ofertados pelas empresas que necessitam se adequar a
essa nova realidade. Um mundo globalizado pede uma nova forma de enxergar as
pessoas que fazem parte deste mundo, a forma como elas o enxergam e interagem
com ele. A empresa precisa investir neste novo ser humano, treinando e
capacitando os seus colaboradores para lidarem com as novas demandas de um mundo
que não cessa de evoluir e muito rapidamente.
Uma
organização para sobreviver no mercado atual precisa ter bons funcionários,
capazes de lidar com as constantes mudanças, de inovar, de atuar criativamente
nos processos organizacionais que levam em conta a micro e a macroeconomia, que
são fatores que determinam a forma como a empresa existirá no mercado. As
empresas que não investirem nos seus colaboradores, correm o risco de perdê-los
para outras empresas. Quando a empresa gera uma insatisfação, deixando de
valorizar, recompensar e motivar os seus funcionários, sempre haverá outra a
procura de profissionais qualificados, e disposta a contratá-los. Essa nova
economia neste mundo globalizado e informatizado, requer novas aptidões,
talentos, habilidades e competências. Segundo Chiavenato (2010, p. 37), “Na Era
da Informação, as organizações querem agilidade, mobilidade, inovação e mudança
necessárias para enfrentar as novas ameaças e oportunidades em um ambiente de
intensa mudança e turbulência”. Nesta ocasião em que a economia internacional
transformou-se em economia global e a competitividade tornou-se intensa e
complexa entre as organizações (CHIAVENATO), inovar é uma questão de
sobrevivência.
Acerca das tecnologias da informação,
Silva (2009, p. 29) salienta que “Na economia baseada em conhecimento e em
informação, a tecnologia e os sistemas de informação adquirem maior importância
a cada momento”. Logo, o leque de conhecimentos necessários à obtenção de
sucesso aumenta ainda mais, sendo necessária uma formação global para atuar em
cenários de constantes mudanças. Que mudanças são necessárias à empresa? Qual o
papel do gestor de pessoas no sucesso empresarial frente às demandas da Era da
Informação e da Globalização? Que possibilidades de atuação ele tem neste
mercado altamente competitivo? Como se verá adiante, tudo dependerá da forma
como o gestor entende e enfrenta as mudanças, da maneira como ele acompanha as
tendências e se deixa impregnar por aquelas positivas, tornando também as
negativas ótimas oportunidades de investimento.
2.3 As possibilidades empreendedoras da Gestão de Pessoas
O cenário econômico atual,
partindo da Globalização para a Tecnologia da Informação, permite a abertura de
inúmeras possibilidades de atuação do profissional da Gestão de Pessoas, uma
vez que ele acompanhe as tendências e saiba tirar proveito de todas as
inovações a sua disposição. Pensar este profissional é pensar em alguém atuando
em um mundo mutante, em constante transformação e eterno estado de “incompletude”.
Tais transformações possuem lados positivo e negativo. Positivo porque leva o
profissional a uma constante busca pelo seu aprimoramento técnico e científico,
de modo a acompanhar as mudanças rápidas. Ele precisa se atualizar
constantemente. Essa necessidade de mudar junto com as mudanças e se
transformar junto com as revoluções, também é uma premissa para aqueles
profissionais que o setor de Recursos Humanos irá selecionar, contratar e
treinar.
O
despreparo e a falta de interesse nesta evolução constituem o ponto negativo
desta onda, onde aqueles que não se preparam, não inovam, estão ficando fora do
mercado de trabalho ou tem que se contentar com empregos que exijam muito pouco
deles. Para o profissional da Gestão de Pessoas conectado com as mudanças,
porém, o cenário mundial constitui-se um grande atrativo e traz enormes
possibilidades de sucesso e crescimento, pessoal e profissional. A Globalização
traz consigo um novo homem, com novas habilidades e competências que se renovam
sempre. A forma como o gestor de pessoas lida com seus colaboradores no Brasil,
pode espelhar aquilo que já vem acontecendo fora do país. Da mesma forma, os
trabalhadores buscam competências mundiais, formas de se enxergar e compreender
a organização de maneira holística, global. Gerir pessoas, hoje, é gerir seres
humanos globalizados e informatizados.
Os
níveis de emprego e renda do setor de Gestão de Pessoas acompanham essa
evolução pela qual o mundo vem passando. A importância cada vez maior dada ao
lado humano da empresa tem requerido dos profissionais da área uma maior
especialização, com investimento em cursos, palestras e seminários. Aqueles que
trabalham com Coaching formam um novo
exército que treina e capacita líderes para exercerem a sua liderança de
maneira enriquecedora e transformadora. Os salários oferecidos aos
profissionais da Gestão de Pessoas podem variar bastante de empresa para
empresa e até mesmo regiões, mas refletem a importância que cada organização dá
a esta realidade em que as pessoas precisam ser valorizadas intrinsecamente.
3 CONCLUSÃO
Conclui-se
que o cenário econômico globalizado atual beneficia o profissional da Gestão de
Pessoas de variadas formas, proporcionando-lhe possibilidades ilimitadas de
atuação. A ênfase dada ao fator humano nas organizações modernas, uma onda
relativamente nova e revolucionária, introduz o gestor de Recursos Humanos em
todos os níveis da organização, através da seleção, treinamento, contratação e
manutenção de profissionais qualificados que atendam aos interesses e
necessidades da empresa e às constantes demandas do mercado. Junqueira (2005),
inclusive, defende a ideia de que o setor de Gestão de Pessoas deva ser
considerado uma empresa dentro da empresa, como uma forma de gerar lucros para
a mesma e mantê-la sempre à frente da concorrência. E isto se dá através da
qualificação dos colaboradores para esse novo mercado de trabalho.
Algumas
contribuições significativas do gestor de Gestão de Pessoas ao sucesso
organizacional podem ser:
1.
parceria estratégica entre o setor de GP e a empresa, com subsistemas e gestão
de pessoal independentes, porém interdependentes, que crescem e fazem crescer a
organização;
2.
a geração de lucros por meio do envolvimento integral das pessoas em
todos os processos organizacionais, praticando a sinergia e a resiliência;
3.
Análise da estrutura organizacional, através de consultoria de negócios
e planejamento estratégico, fomentando mudanças e inovações;
4.
Identificação dos pontos fortes e fracos da organização, bem como as
ameaças e as oportunidades do ambiente interno e externo (micro e macro);
5.
valorização do capital humano e intelectual, potencializando suas
habilidades e competências para criar uma organização sólida e perene;
6.
constituição de uma cultura de comunicação de excelência, eliminando as
barreiras que possam impedir que a empresa se comunique de forma clara e
objetiva com seus clientes internos e externos.
Da
mesma forma que as empresa inovam para se tornarem sempre mais competitivas e
competentes, levando em conta as exigências cada vez maiores e mais complexas
do atual cenário econômico, os profissionais têm procurado acompanhar esse
passo, andar ao lado dessa evolução. O mercado inovador demanda empresas
inovadoras, que por sua vez contratarão profissionais com forte capacidade de
adequação e inovação. Esses profissionais, hoje muitos escassos e disputados
pelas melhores organizações, poderão ser garimpados e descobertos pelo
profissional da Gestão de Pessoas, que atuará como um verdadeiro “gestor com
pessoas”, sempre alinhado com as novas realidades econômicas que influenciam
diretamente a organização em que atua. Dessa forma, as empresas podem dispor de
funcionários cada vez mais qualificados, porque as mudanças são constantes e
pedem constantes aprendizados e atualizações.
Todavia,
é necessário um cuidado especial para acompanhar as tendências e não os
modismos. Ao entender as tendências do mercado, as empresas antecipam-se às
mudanças, encontrando oportunidades para inovar e vencer as dificuldades do
ambiente externo. Acompanhar os modismos torna o sucesso imprevisível e de
curta duração, o que pode significar riscos sociais, econômicos e políticos.
Acompanhar as tendências de um mundo em constante mutação é bastante difícil e
requer do gestor pensamento estratégico, inovação e uma boa dose de coragem
para arriscar. Acertar nesse ponto é o grande diferencial competitivo do setor
de Recursos Humanos.
BIBLIOGRAFIA
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010.
JUNQUEIRA, Fernando. O que fazer para o RH dar lucro. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2005.
SILVA, Roberto Ferreira Lima. e-RH em um ambiente global e multicultural.
Distrito Federal: Senac, 2009.
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