sábado, 16 de junho de 2012

O CENÁRIO ECONÔMICO E A ATUAÇÃO DO GESTOR PESSOAS


1 INTRODUÇÃO


            Desde que as empresas finalmente voltaram os seus olhos para o elemento humano da organização, diversas teorias e práticas têm trazido à tona a necessidade cada vez mais crescente de investimento em pessoas, o capital intelectual que dá vida a qualquer empresa. A Revolução Industrial, as revoluções tecnológicas, a Globalização e a Era da Informação sempre estiveram submetidas ao escrutínio da mente humana, sempre possuíram um coração humano pulsante em todas as suas inovações e conquistas. Sem o ser humano que se transforma a cada dia e faz transformar o ambiente em que vive, todas essas mudanças jamais teriam sido possíveis.
            É preciso, porém, aprofundar-se um pouco mais nesse ambiente mutante em que o ser humano vive e onde as empresas em que ele atua se estabelecem. As mudanças pelas quais o mundo vem passando já alguns anos não são mudanças meramente tecnológicas e econômicas, como se essas surgissem por si mesmas: elas sempre são produzida pelas relações sociais, pela experiência humana. São as pessoas que constroem as máquinas, que compartilham informações, que movimentam a economia, que causam ou sofrem os problemas sociais, que cuidam ou devastam o planeta, que influenciam na bolsa de valores. É do ser humano e para ele o efeito da inflação, o comportamento dos preços no mercado, a diminuição ou o aumento da renda, as taxas de juros, as exportações e importações, a balança comercial, o PIB, os planos econômicos. Em suma, nada disso brota do nada, mas a mão humana faz nascer tudo.
            O entendimento que buscamos, então, é aquele que situa o ambiente econômico e o ser humano no seu devido lugar de interdependência, onde um não existe sem o outro. Nesse aspecto está o gestor de Recursos Humanos de uma empresa, que lida com as pessoas que criam a realidade e ao mesmo tempo sofrem influência dela. O ambiente econômico, seja micro ou macro, é a influência influenciável que será estudada aqui, partindo do pressuposto de que sem as pessoas, não haveria nem mesmo o ambiente. Ao entendê-lo, buscar-se-á o papel do gestor de pessoas e o seu campo de trabalho.


2 O CENÁRIO ECONÔMICO E A ATUAÇÃO DO GESTOR PESSOAS


            Os cenários que apresentam possibilidades para o crescimento e a evolução do setor de Gestão de Pessoas podem ser divididos em duas grandes vertentes: a globalização e a Era da Informação. Ambos, na verdade, se completam e transformam o mundo em quase uma massa homogênea, permitindo que fatores ocorridos em um país da Europa, afete todos os demais países. As informações chegam rapidamente e os problemas e as soluções econômicas acompanham essa velocidade, ao menos teoricamente. É neste quadro que o gestor de pessoas está inserido.
           

2.1 Uma nova ordem econômica nacional

O Brasil está vivendo um momento diferente na sua história, acima de tudo quando se fala na geração X, que viveu altos índices de inflação, passou por vários planos econômicos, conheceu diversos nomes e caras para a sua moeda e jamais sonhou que um dia a dívida externa deixaria de ser um grande fardo para a população. De país considerado de terceiro mundo, o Brasil hoje faz parte dos BRICS, os países de maior desenvolvimento da atualidade, e é considerado como um país emergente, com uma economia sólida e que cresce vertiginosamente, mesmo que ainda tenha de enfrentar problemas com saúde pública e um batalhão de miseráveis. Em comparação com o cenário mundial, todavia, o Brasil tem avançado bastante em todos os aspectos. É preciso muita atenção a isso.
            Este cenário salutar para os brasileiros é especialmente positivo para as empresas. Além do crescimento econômico dos países emergentes, pode-se salientar no nosso país o aumento dos empregos formais, o crescimento da renda da população, a ascensão da classe média, um número maior de pessoas frequentando as universidades, a elevação do poder de compra do cidadão, os investimentos em saneamento básico, educação e saúde, ainda que tímidos. Tudo isso vem aliado às novas tecnologias, às empresas multinacionais que tem investido no Brasil, à revolução da construção civil, o aumento da qualidade de vida e a preocupação ecológica. Todas essas coisas formam um cenário propício à inovação, ao descobrimento de novas formas de gerar riqueza para as empresas, para as pessoas e para o meio ambiente.
O cenário financeiro nacional e mundial sempre refletirá de maneira direta e indireta nas atividades da organização e, consequentemente, no departamento de Gestão de Pessoas. Os aspectos macro e microeconômicos exercem influência negativa ou positiva sobre a empresa. Se a empresa não tiver um entendimento do ambiente macro, jamais saberá como lidar com as mudanças que ocorrem no campo político, econômico e social, de que forma precisa lidar com eles para obter resultados e como poderá influenciá-los. No âmbito macroeconômico estão os sistemas financeiros e as políticas econômicas governamentais, fatores que o gestor precisa assegurar que exerçam influência positiva sobre a sua empresa, medindo os níveis de consequência das atividades econômicas do país e do mundo e a forma como os governos lidam com as suas políticas. Um exemplo é o efeito que a inflação pode causar na vida da empresa e, consequentemente, na vida dos seus empregados.
Os fatores concernentes à microeconomia, como a oferta e a demanda de produtos no mercado e a determinação dos valores de preços, são influenciadores das decisões organizacionais, que determinam a forma como cada empresa irá interagir com o ambiente, as possibilidades e as tendências de mercado. Novamente não se pode pensar em microeconomia sem admitir a presença humana, como o trabalhador se comporta diante desses fatores, que resposta dá a eles, como se prepara para enfrentá-los e de que opções ele dispõe para vencê-los ou crescer com eles. São propostas que levam ao crescimento e ao amadurecimento do setor de Gestão de Pessoas, que busca sempre inovar-se para acompanhar o novo mundo e o novo ser humano.


2.2 As possibilidades da Gestão de Pessoas na Era da Informação

            O cenário econômico que se procura entender para dar vazão à sua importância ao profissional da Gestão de Pessoas é um cenário globalizado, marcado pela Era da Informação.  A globalização cobra das empresas uma postura com relação às mudanças que o mundo tem experimentado, acima de tudo na qualidade dos seus produtos e serviços. Todavia, não são apenas os bens produzidos ou os serviços ofertados pelas empresas que necessitam se adequar a essa nova realidade. Um mundo globalizado pede uma nova forma de enxergar as pessoas que fazem parte deste mundo, a forma como elas o enxergam e interagem com ele. A empresa precisa investir neste novo ser humano, treinando e capacitando os seus colaboradores para lidarem com as novas demandas de um mundo que não cessa de evoluir e muito rapidamente.
Uma organização para sobreviver no mercado atual precisa ter bons funcionários, capazes de lidar com as constantes mudanças, de inovar, de atuar criativamente nos processos organizacionais que levam em conta a micro e a macroeconomia, que são fatores que determinam a forma como a empresa existirá no mercado. As empresas que não investirem nos seus colaboradores, correm o risco de perdê-los para outras empresas. Quando a empresa gera uma insatisfação, deixando de valorizar, recompensar e motivar os seus funcionários, sempre haverá outra a procura de profissionais qualificados, e disposta a contratá-los. Essa nova economia neste mundo globalizado e informatizado, requer novas aptidões, talentos, habilidades e competências. Segundo Chiavenato (2010, p. 37), “Na Era da Informação, as organizações querem agilidade, mobilidade, inovação e mudança necessárias para enfrentar as novas ameaças e oportunidades em um ambiente de intensa mudança e turbulência”. Nesta ocasião em que a economia internacional transformou-se em economia global e a competitividade tornou-se intensa e complexa entre as organizações (CHIAVENATO), inovar é uma questão de sobrevivência.
      Acerca das tecnologias da informação, Silva (2009, p. 29) salienta que “Na economia baseada em conhecimento e em informação, a tecnologia e os sistemas de informação adquirem maior importância a cada momento”. Logo, o leque de conhecimentos necessários à obtenção de sucesso aumenta ainda mais, sendo necessária uma formação global para atuar em cenários de constantes mudanças. Que mudanças são necessárias à empresa? Qual o papel do gestor de pessoas no sucesso empresarial frente às demandas da Era da Informação e da Globalização? Que possibilidades de atuação ele tem neste mercado altamente competitivo? Como se verá adiante, tudo dependerá da forma como o gestor entende e enfrenta as mudanças, da maneira como ele acompanha as tendências e se deixa impregnar por aquelas positivas, tornando também as negativas ótimas oportunidades de investimento.


2.3 As possibilidades empreendedoras da Gestão de Pessoas

            O cenário econômico atual, partindo da Globalização para a Tecnologia da Informação, permite a abertura de inúmeras possibilidades de atuação do profissional da Gestão de Pessoas, uma vez que ele acompanhe as tendências e saiba tirar proveito de todas as inovações a sua disposição. Pensar este profissional é pensar em alguém atuando em um mundo mutante, em constante transformação e eterno estado de “incompletude”. Tais transformações possuem lados positivo e negativo. Positivo porque leva o profissional a uma constante busca pelo seu aprimoramento técnico e científico, de modo a acompanhar as mudanças rápidas. Ele precisa se atualizar constantemente. Essa necessidade de mudar junto com as mudanças e se transformar junto com as revoluções, também é uma premissa para aqueles profissionais que o setor de Recursos Humanos irá selecionar, contratar e treinar.
            O despreparo e a falta de interesse nesta evolução constituem o ponto negativo desta onda, onde aqueles que não se preparam, não inovam, estão ficando fora do mercado de trabalho ou tem que se contentar com empregos que exijam muito pouco deles. Para o profissional da Gestão de Pessoas conectado com as mudanças, porém, o cenário mundial constitui-se um grande atrativo e traz enormes possibilidades de sucesso e crescimento, pessoal e profissional. A Globalização traz consigo um novo homem, com novas habilidades e competências que se renovam sempre. A forma como o gestor de pessoas lida com seus colaboradores no Brasil, pode espelhar aquilo que já vem acontecendo fora do país. Da mesma forma, os trabalhadores buscam competências mundiais, formas de se enxergar e compreender a organização de maneira holística, global. Gerir pessoas, hoje, é gerir seres humanos globalizados e informatizados.
            Os níveis de emprego e renda do setor de Gestão de Pessoas acompanham essa evolução pela qual o mundo vem passando. A importância cada vez maior dada ao lado humano da empresa tem requerido dos profissionais da área uma maior especialização, com investimento em cursos, palestras e seminários. Aqueles que trabalham com Coaching formam um novo exército que treina e capacita líderes para exercerem a sua liderança de maneira enriquecedora e transformadora. Os salários oferecidos aos profissionais da Gestão de Pessoas podem variar bastante de empresa para empresa e até mesmo regiões, mas refletem a importância que cada organização dá a esta realidade em que as pessoas precisam ser valorizadas intrinsecamente.
           

  
3 CONCLUSÃO


            Conclui-se que o cenário econômico globalizado atual beneficia o profissional da Gestão de Pessoas de variadas formas, proporcionando-lhe possibilidades ilimitadas de atuação. A ênfase dada ao fator humano nas organizações modernas, uma onda relativamente nova e revolucionária, introduz o gestor de Recursos Humanos em todos os níveis da organização, através da seleção, treinamento, contratação e manutenção de profissionais qualificados que atendam aos interesses e necessidades da empresa e às constantes demandas do mercado. Junqueira (2005), inclusive, defende a ideia de que o setor de Gestão de Pessoas deva ser considerado uma empresa dentro da empresa, como uma forma de gerar lucros para a mesma e mantê-la sempre à frente da concorrência. E isto se dá através da qualificação dos colaboradores para esse novo mercado de trabalho.
            Algumas contribuições significativas do gestor de Gestão de Pessoas ao sucesso organizacional podem ser:

1.    parceria estratégica entre o setor de GP e a empresa, com subsistemas e gestão de pessoal independentes, porém interdependentes, que crescem e fazem crescer a organização;
2.    a geração de lucros por meio do envolvimento integral das pessoas em todos os processos organizacionais, praticando a sinergia e a resiliência;
3.    Análise da estrutura organizacional, através de consultoria de negócios e planejamento estratégico, fomentando mudanças e inovações;
4.    Identificação dos pontos fortes e fracos da organização, bem como as ameaças e as oportunidades do ambiente interno e externo (micro e macro);
5.    valorização do capital humano e intelectual, potencializando suas habilidades e competências para criar uma organização sólida e perene;
6.    constituição de uma cultura de comunicação de excelência, eliminando as barreiras que possam impedir que a empresa se comunique de forma clara e objetiva com seus clientes internos e externos.

            Da mesma forma que as empresa inovam para se tornarem sempre mais competitivas e competentes, levando em conta as exigências cada vez maiores e mais complexas do atual cenário econômico, os profissionais têm procurado acompanhar esse passo, andar ao lado dessa evolução. O mercado inovador demanda empresas inovadoras, que por sua vez contratarão profissionais com forte capacidade de adequação e inovação. Esses profissionais, hoje muitos escassos e disputados pelas melhores organizações, poderão ser garimpados e descobertos pelo profissional da Gestão de Pessoas, que atuará como um verdadeiro “gestor com pessoas”, sempre alinhado com as novas realidades econômicas que influenciam diretamente a organização em que atua. Dessa forma, as empresas podem dispor de funcionários cada vez mais qualificados, porque as mudanças são constantes e pedem constantes aprendizados e atualizações.
            Todavia, é necessário um cuidado especial para acompanhar as tendências e não os modismos. Ao entender as tendências do mercado, as empresas antecipam-se às mudanças, encontrando oportunidades para inovar e vencer as dificuldades do ambiente externo. Acompanhar os modismos torna o sucesso imprevisível e de curta duração, o que pode significar riscos sociais, econômicos e políticos. Acompanhar as tendências de um mundo em constante mutação é bastante difícil e requer do gestor pensamento estratégico, inovação e uma boa dose de coragem para arriscar. Acertar nesse ponto é o grande diferencial competitivo do setor de Recursos Humanos.


  
BIBLIOGRAFIA



CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

JUNQUEIRA, Fernando. O que fazer para o RH dar lucro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

SILVA, Roberto Ferreira Lima. e-RH em um ambiente global e multicultural. Distrito Federal: Senac, 2009.

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